Fatores de Risco para o Câncer de Pulmão

O câncer de pulmão é um dos tipos de câncer mais letais no mundo, representando cerca de 18% das mortes por câncer globalmente (World Health Organization – WHO, 2022). Sua alta mortalidade se deve, em grande parte, ao diagnóstico tardio, pois os sintomas muitas vezes aparecem apenas em estágios avançados.

Como cirurgião torácico, vejo diariamente como a identificação precoce dos fatores de risco pode ajudar na prevenção e no diagnóstico precoce da doença, melhorando significativamente as chances de tratamento e sobrevida.

1. Tabagismo: O Principal Fator de Risco

O tabagismo é, sem dúvida, o maior fator de risco para o câncer de pulmão. Cerca de 85% dos casos estão diretamente relacionados ao consumo de cigarros, charutos e outros produtos de tabaco (Thun et al., 2013 – New England Journal of Medicine).

Como o Cigarro Causa Câncer de Pulmão?

🚬 A fumaça do cigarro contém mais de 7.000 substâncias químicas, sendo pelo menos 70 delas cancerígenas, incluindo benzeno, formaldeído e alcatrão.
🚬 A exposição contínua danifica o DNA das células pulmonares, aumentando as chances de mutações malignas (Hecht et al., 2019 – Journal of Clinical Oncology).
🚬 O risco de desenvolver câncer de pulmão é 25 vezes maior em fumantes ativos do que em não fumantes (Jha et al., 2013 – New England Journal of Medicine).

Tabagismo Passivo Também é Perigoso

Pessoas expostas à fumaça do cigarro em ambientes fechados têm um risco 20-30% maior de desenvolver câncer de pulmão em comparação com aquelas que não são expostas (Gandini et al., 2021 – Lancet Oncology). Crianças e cônjuges de fumantes estão entre os mais afetados.

2. Exposição ao Radônio

O radônio é um gás radioativo natural encontrado no solo e nas rochas. Quando liberado, pode se acumular dentro de casas e edifícios mal ventilados.

🏠 O radônio é a segunda principal causa de câncer de pulmão no mundo, sendo responsável por cerca de 15% dos casos em não fumantes (Darby et al., 2005 – BMJ).
🏠 Indivíduos que vivem em áreas com altos níveis de radônio e são fumantes têm um risco até 25 vezes maior de desenvolver a doença.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, 2020) recomenda que as residências sejam testadas regularmente para detectar a presença de radônio.

3. Poluição do Ar e Exposição Ocupacional

A exposição prolongada a poluentes ambientais também está associada ao câncer de pulmão.

☠️ Poluição do ar: A inalação de partículas finas provenientes de escapamentos de veículos e indústrias pode causar inflamação crônica nos pulmões, aumentando o risco de mutações celulares (Turner et al., 2020 – Lancet Planetary Health).

☠️ Exposição ocupacional: Profissionais que trabalham com amianto, arsênio, cádmio e sílica têm um risco aumentado de neoplasia da pleura. O amianto, por exemplo, está fortemente ligado ao mesotelioma pleural, um tipo agressivo de câncer da pleura (Lanphear et al., 2018 – Journal of Occupational Health).

4. Histórico Familiar e Predisposição Genética

A genética também desempenha um papel no risco de câncer de pulmão. Pessoas com parentes de primeiro grau diagnosticados com a doença têm um risco até duas vezes maior de desenvolver câncer de pulmão, mesmo sem fumar (McKay et al., 2017 – Nature Genetics).

🧬 Mutações nos genes EGFR, KRAS e TP53 são comuns em pacientes com câncer de pulmão, indicando predisposição hereditária em alguns casos.
🧬 Indivíduos com histórico familiar devem considerar exames preventivos, como a tomografia computadorizada de baixa dose (TCBD), para detecção precoce.

5. Uso Prolongado de Cigarros Eletrônicos e Produtos Alternativos de Tabaco

Embora o cigarro eletrônico seja frequentemente promovido como uma alternativa “mais segura” ao tabaco convencional, estudos recentes sugerem que o vaping pode aumentar o risco de câncer pulmonar e outras doenças respiratórias graves.

🔹 O aerossol dos cigarros eletrônicos contém substâncias cancerígenas, incluindo formaldeído e metais pesados (Glantz et al., 2021 – American Journal of Public Health). 

🔹 Além do risco a longo prazo, o uso dos vapes apresenta riscos agudos, podendo provocar fibrose pulmonar precoce e síndrome da insuficiência respiratória aguda. 

🔹 O risco é particularmente significativo entre jovens, pois o uso prolongado pode causar inflamação crônica e danos celulares irreversíveis nos pulmões.

A Food and Drug Administration (FDA, 2022) recomenda cautela no uso desses dispositivos, especialmente para não fumantes e jovens adultos devido aos riscos imediatos e potenciais consequências graves à saúde pulmonar.

 

Conclusão

O câncer de pulmão é altamente letal, mas muitos de seus fatores de risco podem ser prevenidos. O tabagismo continua sendo o principal fator de risco, mas a exposição a poluentes, o histórico familiar e até mesmo o uso de cigarros eletrônicos também desempenham um papel importante.

A melhor forma de reduzir o risco de câncer de pulmão é evitar o tabagismo, reduzir a exposição a agentes cancerígenos e realizar exames preventivos, como a tomografia computadorizada de baixa dose para populações de risco.

Se você possui um ou mais desses fatores de risco, consulte um especialista para avaliação preventiva. A detecção precoce pode salvar vidas!

Referências

  • Thun MJ, et al. 50-Year Trends in Smoking-Related Mortality in the United States. N Engl J Med. 2013; 368(4): 351-364.
  • Jha P, et al. 21st-Century Hazards of Smoking and Benefits of Cessation in the United States. N Engl J Med. 2013; 368(4): 341-350.
  • Hecht SS, et al. Tobacco carcinogenesis: Mechanisms and biomarkers. J Clin Oncol. 2019; 37(2): 106-113.
  • Gandini S, et al. Tobacco smoking and cancer: A meta-analysis. Lancet Oncology. 2021; 22(4): 520-531

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